Wednesday 18 August 2010

Qual Seria A Relevância



De uma pedrinha de gelo a mais em um suco de laranja dentro de uma noite fria? Já que a servente daquela padaria a havia oferecido como cortesia, talvez, a relevância fosse a de um 'porquê não?', 'será? porquê não me servir mais?'. Aquela pedrinha a mais nem faria diferença naquela taça de suco de laranja. E a menina ruiva, ainda acostumada com as ofertas bondosas da vida na casa da sua mãe, achava que qualquer extensão de uma oferta na rua deveria ser aceita. Ao lado da menina ruiva falante estavam os que tinham pressa em matar a fome, em transcrever algo da mente em papel ou apenas pressa em ter o produto em mãos, pagar no caixa do estabelecimento e satisfazer a família com o pão da noite. E quantos segundos da atendente ocupada seriam gastos nesta 'uma pedrinha a mais'? Para a menina ruiva isso pouco interesava. Após a padaria, ela também encontraria duas novas pessoas na recepção do seu curso noturno e antes de entrar em sala de aula, entendendo que as duas eram xarás, perguntaria a elas qual das duas 'teria um apelido' enquanto ela continuaria a ser chamada pelo seu nome completo. Ela ainda seguiria para uma aula na qual não entenderia nada e, constantemente, faria perguntas sobre os movimentos corporais passados pelo professor querendo saber se a sua coluna vertebral seria benificiada com aquela posição, ou não. A menina de mentalidade receptora e superior ainda formaria parte de um trio dentro do seu grupo e tentaria dar as ordens do exercício aos dois outros sem escutá-los. Emitiria também ao final a primeira visão do que teria achado do exercício. Por ter dezenove anos de idade, ela teria dito que aprendeu em casa, ou nos modos de tratamento entre si dos seus familiares a ser tão 'despachada' como alguém a caracterizou. 'Todo mundo lá em casa é assim', dizia alto. O que acontecia fora da sua casa não existia ainda, porquê ela ainda aos dezenove estava em fase de formação mental, sem prática de trabalho ou vivência independente. Comparada aos dezenove anos de outros jovens em outros mundos, já estava até bem defasada mentalmente. Provavelmente, assim continuaria até os seus vinte e cinco anos de idade ou mais: uma gerente de uma 'empresa' familiar. Não era em tudo desprovida de sentimento pelo social de classe mais baixa que a sua. Sentia até uma 'pena' da vida dura dos outros. Mas, enfim, não sentia pena o suficiente para recusar uma pedrinha de gelo a mais, ou qualquer outra coisa maior que a tentassem oferecer. Alguém a perguntou se ela entendia o verbo usurpar. Ela confundiu-se na resposta, e quase a acertou no significado. A ruiva era o exemplo comum do desperdício da sua própria cidade. Fosse em uma pedrinha de gelo, fosse em um resto de comida no prato, fosse em uma oportunidade que a outrem teria servido melhor do que a ela mesma. Ela tinha vindo ao mundo para ruivasuperioramente usufruir de todas as possibilidades que a oferecessem. E não sairia nunca perdendo. Nem mesmo uma mera pedrinha de gelo em um suco de laranja.