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- Maria Sobral
- É cantora, compositora, atriz e jornalista nordestina. É seduzida por palavras, filmes, sons, chances de dar a cara ao tapa, decolagens de aviões, cheiro de suor masculino, canções complexas, debates verbais, pensamentos ilícitos, baboseira sem compromisso, microfones e canetas. Todos os vídeos têm a autorização da mesma para a sua própria atuação. Convidados nos vídeos não se responsabilizam pelo conteúdo dos textos da autora e assinaram autorização de uso de imagem. Comentários não são necessários. Aceita parcerias literárias e musicais. Contato: mariasobralmaria@gmail.com
Sunday 8 August 2010
Corria
De tudo. Do passado torto, da toxina alcóolica, do menino que queria comê-la. Correndo assim, tanto, estava sempre suada, molhada, não apresentável. Ensopada de suor poucos a respeitavam. Quem não sua oferece mais comforto aos olhos do outro. Por não suar e conseguir com pouco esforço. Mas, correr era uma delícia. Ir rápido, ao encontro de esquinas, portas, labirintos, mesmo que todos ainda não oferecessem saída. Curiosa e ativa. Arfava querendo livrar-se de tudo, não de todos. Cinco quilômetros ainda ofereciam uma resistência ao corpo, e queria chegar aos dez, quinze. Corria para renovar as células, acelerar o pulso, incitar um movimento cardiovascular mais apaixonado. Pouco importava a pele flácida balançando, a olheira de esforço contínuo. Após a corrida, estava nova, em folha nova. E podia escrever outra estória, de pele corada e células ululantes de jovialidade e esperteza. Corria para saber que se desse errado de novo, pelo menos se salvaria correndo para bem longe.
Posted by
Maria Sobral
at
09:52
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